Passos da evolução: o impacto da deriva continental na diversificação dos seres vivos.
Por Letícia Nasaret Siqueira, com apoio de Cauan Dias Oliveira, Maria Guizzardi Sanches e Natalia Teixeira Neves.
Boa parte da história da Terra está gravada em suas rochas. O registro fóssil mostra que existiram muitas mudanças nos tipos de organismos que dominaram a vida na Terra em diferentes períodos. Alguns fósseis proporcionam uma observação detalhada da origem de novos grupos de organismos. Esses fósseis são essenciais para o nosso entendimento da evolução; eles ilustram como as novas características dos organismos surgem e quanto tempo leva para essas mudanças ocorrerem.
Registros fósseis ajudaram o geógrafo e meteorologista alemão Alfred Wegener a evidenciar suas percepções sobre a geologia da Terra. No século XVII, Francis Bacon, já notava uma peculiaridade nos mapas-mundi produzidos na época e sugeriu a hipótese de que, um dia, os continentes estavam todos agrupados.
A colisão dos continentes da Pangéia, também causou erupções vulcânicas mássicas. As cinzas ejetadas pelos vulcões na atmosfera reduziram a penetração dos raios solares até a superfície da Terra, diminuindo a temperatura, reduzindo a taxa de fotossíntese e desencadeando intensa glaciação. Grandes erupções vulcânicas também ocorreram quando os continentes se separaram.
A deriva continental também promove a especiação alopátrica em grande escala. Quando os supercontinentes se separam, regiões antes conectadas se tornam geograficamente isoladas. Como os continentes se separaram nos últimos 200 milhões de anos, cada um deles se tornou uma arena evolutiva separada com linhagens de plantas e animais que divergiram daquelas nos outros continentes.
As extinções em massa do Permiano e do Cretáceo (indicadas por setas vermelhas) alteraram a ecologia dos oceanos ao aumentar a porcentagem de gêneros marinhos predadores.
Além disso, quando uma linhagem evolutiva desaparece, ela não consegue reaparecer. Isso modifica o curso da evolução. O registro fóssil mostra que normalmente leva de 5 a 10 milhões de anos para a diversidade da vida recuperar os níveis anteriores após uma extinção em massa. Em alguns casos muito mais tempo do que isso: foram necessários aproximadamente 100 milhões de anos para o número de famílias de organismos marinhos se recuperar depois da extinção em massa do Periodo Permiano.
A diversidade das espécies de uma linhagem evolutiva irá aumentar quando o número de novos membros for maior do que o número de membros extintos da espécie. Neste exemplo hipotético, há 2 milhões de anos, as linhagens A e B deram origem a quatro espécies, mas nenhuma havia sido extinta (identificada pelo símbolo ). Entretanto, no tempo zero, a linhagem A tem apenas uma espécie, enquanto a linhagem B tem oito espécies.
O registro fóssil indica que a diversidade da vida aumentou ao longo dos últimos 250 milhões de anos. Esse aumento também foi estimulado por radiações adaptativas, períodos de mudança evolutiva nos quais os grupos de organismos formam várias espécies novas cujas adaptações lhes permitem preencher papéis ecológicos ou nichos nas suas comunidades e eventualmente dando origem a várias espécies diferentes.
Os fenômenos da deriva continental, alguns ou a combinação deles, submeteram aos organismos estímulos que originaram novas e diferentes espécies, sobreviventes que superaram crises ambientais e lideraram o limiar de diversificação de seres vivos que conhecemos hoje.
Referências:
REECE, J. B. et al. 2015. Biologia de Campbell. Artmed Editora.
Imagens:
SADAVA, D. et al. 2009. Vida: a ciência da biologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed.
REECE, J. B. et al. 2015. Biologia de Campbell. Artmed Editora.